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Arquitetos: Green Studio
- Área: 15 m²
- Ano: 2024
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Fotografias:Callan Green
Descrição enviada pela equipe de projeto. No início da Grande Estrada Alpina, entre as colinas ondulantes e a floresta de eucaliptos, o cliente desejava uma pequena habitação temporária que destacasse as características naturais da paisagem, sem deixar qualquer impacto residual após sua remoção. A região, um ecossistema florestal próspero, é marcada por uma curiosa coleção de chaminés solitárias, vestígios de habitações que desapareceram sem deixar rastros, seja por incêndios florestais ou por mudanças econômicas ao longo do tempo. Esse cenário, que se adapta à impermanência, reflete a efemeridade da própria paisagem.
Um contêiner descartado serve como a estrutura transportável da Casa na Colina, entregue por caminhão ao local. O inventário de materiais reciclados define as limitações do projeto, que foi desenvolvido com os recursos disponíveis. O desafio foi acomodar todas as necessidades diárias em uma área de apenas 15 m²: cozinha, sala, sala de jantar, banheiro, quarto e armazenamento. No contexto australiano, há tradicionalmente um espaço intermediário onde ocorrem saudações, as botas são retiradas, tempestades passam, refeições informais são feitas e diversas atividades acontecem sob proteção contra os elementos. A Casa na Colina utiliza toldos de varanda operáveis, assistidos por elevador, feitos de ângulos de aço e policarbonato, que se abrem para cima e para fora quando ocupados, e se retraem quando não estão em uso ou em transporte.
O pavilhão responde às condições climáticas adversas e ao vernacular da paisagem com um exterior de metal de casco rígido. Sua forma retangular, composta por chapa ondulada simples, é contornada por ângulos de aço galvanizado que também sustentam as janelas, portas e toldos. Na elevação sul, um lintel de aço sobredimensionado sustenta um grande painel de vidro deslizante sobre roletes ocultos, que se retrai completamente contra uma seção plana de chapa metálica, conectando a área elevada do deck. Na fachada leste, as portas originais do contêiner, com vedação contra intempéries, são mantidas, preservando tanto o carbono incorporado quanto a integridade estrutural. O revestimento semiopaco e a total operabilidade permitem que o banheiro se estenda para fora, integrando-se de forma fluida ao denso ambiente natural ao redor.
O Green Studio atua como arquiteto e artesão, reunindo e montando materiais de forma holística, em contraste com um processo de especificação sistemática. A porta de entrada de madeira maciça, feita sob medida para acomodar uma janela de vitral dinâmica da Hygge Glass, antecipa o calor do ambiente interno, com elementos inspirados na paisagem ao redor. Ao adentrar, vigas de Glulam de Victorian Ash reaproveitadas se entrelaçam para formar um pequeno hall de entrada e prateleiras de biblioteca expansivas. As placas de cortiça tátil e acústica definem uma área íntima, separando a sala de estar do quarto.
Uma mesa feita sob medida acomoda três cadeiras de forma compacta quando não está em uso. Ao deslizar a mesa, ela se transforma em uma escrivaninha simples; ao girá-la 90 graus, configura-se uma mesa de jantar com as três cadeiras ao redor. Feitos na oficina de marcenaria do Green Studio, a mesa e as cadeiras utilizam a técnica clássica de junta de dedo, típica dos móveis australianos desse tipo. Essa flexibilidade de uso e funcionalidade inovadora não só permite a construção de um imóvel de pequeno porte, mas também valoriza o espaço aos olhos dos seus ocupantes.
O pinheiro kauri, com mais de 100 anos, foi cuidadosamente removido de um salão de dança desativado nas proximidades e meticulosamente preparado para revestir as paredes e o teto internos. As ondulações, causadas pelas décadas de sapatos de dança que desgastaram lentamente a madeira suave e perfumada, são claramente visíveis, trazendo à tona a história e o tempo dessa madeira única.
O Green Studio criou uma série de peças e utensílios para a Casa na Colina, como pratos e utensílios de madeira, tigelas para chaves, incensários, apoios para livros, bancos, maçanetas, entre outros. Cada item contribui para a experiência de viver em uma paisagem diversificada. Uma tela deslizante de madeira separa uma área úmida compacta, que transmite uma sensação de calma e sombra. Materiais reaproveitados como madeira compensada preta, granito cinza e chapa corrugada se abrem para o exterior por meio de grandes portas semi-opacas. Esse pequeno espaço se transforma em um refúgio amplo e acolhedor.
No passado, o contêiner metálico (agora transformado na estrutura da casa) recebia grãos por meio de uma abertura circular em seu teto. Durante a construção, percebeu-se que a sombra gerada por essa abertura suavizava a rígida forma retangular do espaço, movendo-se à medida que o dia avançava. Uma claraboia agora continua proporcionando essa experiência agradável. Este projeto tem sido uma jornada de engenhosidade e autossuficiência, uma forma de projetar e construir com o que se tem, em vez de depender do que pode ser adquirido.
